10 Carros que apanharam nas críticas, mas deram surra nas vendas

03/10/2022



 

“Não importa o quanto você bate, mas sim o quanto aguenta apanhar e continuar. O quanto pode suportar e seguir em frente. É assim que se ganha”, já dizia Rocky Balboa. Não haveria frase mais apropriada para abrir esta lista do que essa.

 

Esses carros apanharam pesado nas críticas, mas não foram à lona e reagiram da forma mais agressiva que poderiam, dando uma surra inesquecível nas vendas e a maioria deles ainda não cansou de bater, tampouco sentem os contragolpes.

 

Manco, bagre, SUV de três parafusos, Tombilux… Esses são alguns apelidos que os carros dessa lista ganharam ao longo dos anos. E se você for um apaixonado pelo mundo automotivo e um leitor assíduo, é capaz de identificar quais modelos estamos falando mesmo sem que eles tenham sido citados.

 

Não pense que estamos aqui como advogados desses modelos (ou como acusadores), estamos aqui apenas para mostrar os números. Até porque muitas vezes, nós, como jornalistas que ganhamos a vida avaliando carros, tecemos algumas dessas críticas.

 

Mas nenhum desses modelos se resume a um ou dois adjetivos e os consumidores sabem disso. Abaixo uma lista composta por dez carros bem familiares, que tem duas coisas em comum: as críticas e o sucesso nas vendas.

 

1. Jeep Renegade 1.8 flex

 



As linhas quadradas, faróis redondos, carroceria alta e compacta fizeram com que o Renegade conquistasse uma legião de consumidores. Homens e mulheres, jovens ou mais velhos, se viram fisgados pelo visual do SUV, que se tornou líder do segmento.

 

Porém, todo gigante tem um calcanhar de Aquiles. Até alinha 2022, o do Renegade flex era o motor. Não existe sequer um dono de Jeep Renegade 1.8 que nunca ouviu uma piada ou questionamento sobre o desempenho do seu carro, que ganhou fama nacional de manco, enquanto o motor 2.0 diesel era o queridinho.

 

Só que, na hora do vale tudo, quem garantia as vendas sempre foram as versões flex, responsáveis por mais de 90% dos emplacamentos do SUV compacto. Claro que isso se justifica por serem versões mais baratas que as a diesel.

 

2. Hyundai HB20

 

 

O bullying com a segunda geração do Hyundai HB20 começou antes mesmo de o modelo ser lançado oficialmente. Algumas imagens do modelo vazaram às vésperas do grande dia e o público deixou explícito que não simpatizou com a nova cara da família HB20. Mas poderia ser ângulo, não é mesmo?

 

Porém, quando o modelo foi enfim revelado e as imagens começaram a ser publicadas, a internet bateu com força e não demorou muito para a nova geração ficar conhecida como cara de “bagre”.

 

Mas a Hyundai deu um show de resiliência e, depois de ser massacrado, o HB20 fechou 2021 como o carro mais vendido no varejo em nosso mercado, com 70.499 emplacamentos. E agora que ele deu uma bela retocada no visual, ficando muito mais bonito, deve vender ainda mais.

 

3. Toyota Hilux



 

A Toyota Hilux é líder entre as picapes médias há anos, e nenhuma de suas concorrentes representa uma ameaça para o seu trono. No entanto, logo após o lançamento de sua atual geração, em 2014, problemas de estabilidade percebidos em testes do alce levaram a picape a receber o apelido “Tombilux”.

 

Hoje, o problema já está sanado e, além de aprimorar seu controle de estabilidade, a picape já conta com sistema anti-capotamento. Mesmo assim, a pecha não foi embora, mas nada disso abala o domínio absoluto da picape média mais popular do Brasil.

 

4. Toyota Etios

 

 

O patinho feio saiu de linha sem nunca ter virado cisne. O visual nunca foi o ponto forte do Toyota Etios e, pelo contrário, sempre jogou contra o modelo.

 

Porém, apesar da maioria torcer o nariz para o seu design, acabava levando-o para casa minutos depois e com sorriso no rosto, devido a uma outra reputação que ele também havia conquistado: a de confiável.

 

Ser um Toyota ajudou muito a família Etios a emplacar muitas e muitas vendas, mesmo com todas as críticas a seu visual e a seu painel com quadro de instrumentos centralizado.

 

Porém, o modelo apresentava uma dinâmica de condução agradável e não tinha casos conhecidos de grandes problemas mecânicos, o que encorajou muitos consumidores a levá-lo para casa. Além disso, ele tinha uma lista de equipamentos honesta, bom espaço interno e motor 1.5 para quem quisesse um desempenho menos pacato.

 

5. Renault Kwid

 

 

Tudo começou com o comercial “SUV dos compactos”. Parecia um carrão sendo vendido por um ótimo valor. Porém, quando os interessados começaram a ir às concessionárias e se deparam com o pequeno Renault Kwid, muitos se viram frustrados.

 

Alguns desistiram da compra e se tornaram críticos assíduos do subcompacto, mas muitos outros se renderam diante do carro mais barato do Brasil e levaram um para casa assim mesmo. Hoje, ele é o carro-chefe em vendas na Renault.

 

Só em 2021 foram 52.916 emplacamentos, e os donos não querem nem saber se ele só tem três parafusos na roda. Afinal, ele oferece até airbags laterais para garantir a segurança dos passageiros.

 

6. VW Gol G4


 

O VW Gol tem um belo histórico de vendas no Brasil. Afinal, é o modelo mais emplacado na história da indústria automobilística nacional. Sua reputação era tamanha que o público continuou fiel a ele mesmo com a chegada do Gol G4.

 

Lançado em 2005, o Gol G4 era nada mais que um facelift do aclamado G3 (que, por sua vez, também não passava de uma reestilização do G2. Ou seja, todos esses modelos pertencem à segunda geração do hatch). Com um ponto importante: representava uma simplificação do projeto.

 

Pressionada pelo Chevrolet Celta, a VW deixou o acabamento interno do Gol econômico demais e a posição de dirigir mal acertada. Tudo isso rendeu duras críticas ao modelo. Mesmo assim, o Gol seguiu líder de mercado e chegou a fechar o ano de 2007 com cerca de 243.000 emplacamentos.

 

7. Chevrolet Celta

 

 

Em linha desde os anos 2000 até 2015, o hatch derivado do Corsa foi por anos um dos carros mais baratos no Brasil, e também um dos mais vendidos. O carrinho de entrada da GM podia ter até um valor atrativo, mas também era extremamente simples, mais simples até do que o Corsa B, modelo de quem herdou toda a estrutura.

 

Além disso, o modelo apresentou casos de vazamento, desempenho limitado e consumo de combustível acima do que se espera de um 1.0 ao longo de sua trajetória. Apesar disso, esteve sempre entre os modelos mais vendidos do país nos anos 2000 e hoje, sete anos depois de ter saído de linha, continua muito visado no mercado de usados.

 

8. Chevrolet Classic

 

 

 

Variante sedan do Chevrolet Celta - afinal, derivava do Corsa B Sedan -, o Classic compartilhava dos mesmos problemas e limitações do irmão, mas também do mesmo sucesso.

 

Claro que o hatch teve mais destaque, mas ambos tiveram uma trajetória muito parecida e o Classic, além de ter rendido bons números de venda à GM enquanto zero-quilômetro, segue sendo um dos carros mais negociados entre os usados.

 

9. Fiat Toro 1.8 flex

 

 

Assim como o primo Jeep Renegade, a Fiat Toro foi muito criticada por ser equipada com o fraco motor 1.8 E.torQ. Na picape, o desempenho era pior, por ela ter um porte maior e ser mais pesada que o SUV.

 

Mas as críticas e apelidos não foram capazes de impedir que uma boa leva de consumidores se visse seduzida pelos atributos estéticos da picape e levassem uma para casa. O peculiar porte, que a posicionava entre a Fiat Strada e a Toyota Hilux, foi o seu principal trunfo.

 

Ocupando um nicho praticamente sozinha durante anos, a Toro passou anos a fio como a picape mais vendida do segmento de modo disparado. O sucesso foi tanto que as marcas concorrentes começaram a desenvolver modelos para competir diretamente com ela, como é o caso da nova Chevrolet Montana.

 

10. Fiat Strada de 1ª geração

 

 

A Fiat Strada talvez seja um dos maiores exemplos, senão o maior, de como usar as críticas para crescer. A picapinha derivada do projeto 178 do Palio I fez sucesso com o público desde o seu nascimento até os dias de hoje.

 

Sempre à frente da sua época, a Strada chegou a trazer inovações que em um primeiro momento pareciam sem sentido, mas logo mostravam sua funcionalidade e caíram nas graças do consumidor.

 

As críticas nunca impediram a Strada de ousar, o que fez com que ela fosse percussora das picapes compactas com cabine estendida, depois com cabine dupla e, por fim, com uma terceira porta para acesso à fileira traseira.

 

E embora a picape explicitasse a idade avançada do projeto, seguiu vendendo muito em sua primeira geração até sair de linha, em meados de 2021, quando a segunda geração já havia chegado e dominado as ações.

 

Isso porque a Fiat Strada sempre foi considerada pau para toda obra e nunca mostrou medo de trabalhar. Sua robustez e coragem faziam que, mesmo em meios a críticas pelo aspecto “anos 90” de seu projeto, ela continuasse sendo a queridinha dos frotistas amo após anos. A boa reputação, aliás, segue viva em sua sucessora.